‘A gente reclama muito da dependência, mas como é
maravilhosa a dependência, confiar no outro, confiar no outro a ponto de não
somente repartir a memória, mas repartir as fantasias. Confiar no outro a ponto
de esquecer quem se foi assim que o outro esteja junto, é talvez chegar em casa
e contar seu dia e só sentir que teve um dia quando a gente conta como foi. É
como se o ouvido da outra pessoa fosse nossos olhos. Amar é uma confissão. Amar
é justamente quando um sussurro funciona melhor que um grito. Amar é não ter
vergonha de nossas dúvidas, é falar uma bobagem e ainda se sentir importante. É
lavar louça e nunca estar sozinho. É arrumar a cama e nunca estar sozinho. É
aquela vontade danada de andar de mãos dadas durante o dia e de pés dados
durante a noite.” Fabrício Carpinejar.
terça-feira, 24 de janeiro de 2017
Não era minha intenção fazer um texto de desculpas, mas eu me
desculpo por mergulhar você no meu oceano de confusão e emoções tão mal
resolvidas. Adiantei sua chegada, você também adiantou a minha, e nossa única
pressa foi nossa intimidade, foi expor demais particularidades que eram tão
nossas.
A única cilada que cai foi ter me acostumado demais com a sua
rotina, com seu jeito despreocupado de lidar com as coisas, com a liberdade de
ser... Que você me submeteu! E com isso, ir perdendo o meu cotidiano de
seguranças e independência emocional.
Apesar de escolher expor minha saudade dessa forma, não pense,
meu amor, que quero meus dias-tranquilos-antes-de-te-conhecer de volta. Eu até toparia
repetir todos os nossos programas, mesmo as tardes-sem-fazer-nada, em que fazíamos
tudo.
E era tudo.
... Tudo o que eu queria e precisava. Tudo o que você
precisava, e que no fundo queria também. Só não soube querer.
Você não se deu chance, meu amor, não nos permitiu, e essa é
a saudade de fica pra você... Saudade do que fomos e do poderíamos estar sendo
agora.
Não é um texto de desculpas, tão pouco quero te implorar amor,
mas quero que saiba que teu sedentarismo cardíaco não vai te levar a lugar
nenhum, à amor nenhum. Corações preguiçosos como o seu tendem a se acomodar na
solidão e garanto: será insuportável lidar com ela sozinho.
Mas deixa... Só quero dizer que se tu entendesse o meu
cansaço, se esforçaria para ficar. Se estivesse disposto a ver o tamanho do meu
medo, tenho certeza que decidiria por ficar. Eu também estou tremendo!
Não tinha a intenção de te implorar amor, mas fica comigo vai.
Não abandona a gente. Não abandone quem você despertou.
quinta-feira, 24 de novembro de 2016
Você não precisa saber que eu choro
porque me sinto pequena num mundo gigante. Nem que eu faço coisas estúpidas
quando estou carente. Você nunca vai saber da minha mania de me expor em
palavras, que eu escrevo o tempo todo, em qualquer lugar. Muito menos que eu
estou escrevendo sobre você neste exato momento. E não pense que é falta de
consideração eu dividir tanto de mim com tanta gente e excluir você dessa minha
segunda vida, porque há duas maneiras de saber o que eu não digo sobre mim:
lendo nas entrelinhas dos meus textos e olhando nos meus olhos. E a segunda
opção ninguém mais tem.
"Você não sabe, nem sonha, mas você
acaba de zerar minha vida. Minha vida era vestir a armadura e relembrar com dor
pela milésima vez todos os últimos podres de todas as pessoas podres que
passaram ultimamente pela minha vida. Você acaba de zerar tudo. Com a parte
mais quente das suas costas, com o seu medo de beijo na orelha e com o seu
jeito de se desculpar por falar demais e balançar os pés, você acaba de me
salvar. Este texto é pra te falar uma coisa boba. É pra te pedir que não tenha
medo. Sabe esses textos que eu publico aqui falando bobagem? Sabe esses textos
falando que eu sei disso e sei daquilo? Eu não sei de nada. Eu só queria ser
salva das pedras, eu só queria aprender a pegar carona nas ondas. Eu só queria
poder chegar em casa e ver tudo diferente. Ver tudo bonito. Ver tudo como de
fato é. E você salvou minha vida. O mundo está lindo. Não tenha medo. Eu só
queria que esta minha vontade de perdoar o mundo durasse. Hoje eu não odiei o
Bradesco, a Vivo, meus pais, o IPTU, o motoqueiro que me manda ir mais para o
lado, o cara que fala caipira, aquela garota que você sabe quem é. Hoje eu não odiei
nada nem ninguém. Eu apenas fiquei lembrando, a cada segundo, que você se
desesperou pra encontrar meu brinco de coração. Você quis encontrar meu coração
pequenininho no escuro. E você encontrou. E você salvou meu dia, minha semana.
E salvar meu dia já são zilhões de quilômetros. Você é meu herói. Não tenha
medo deste texto. Não tenha medo da quantidade absurda de carinho que eu quero
te fazer. Nem de eu ser assim e falar tudo na lata. Nem de eu não fazer charme
quando simplesmente não tem como fazer. Nem de eu te beijar como se a gente
tivesse acabado de descobrir o beijo. Nem de eu ter ido dormir com dor na alma
o fim de semana inteiro por não saber o quanto posso te tocar. Não tenha medo
de eu ser assim tão agora. Nem desse meu agora ser do tamanho do mundo. Eu
estou tão cansada de assustar as pessoas. E de ser o máximo por tão pouco
tempo. E de entregar tanta alma de bandeja pra tanta gente que não quer ou não
sabe querer. Mas hoje eu não odeio nenhuma dessas pessoas. E hoje eu não me
odeio. Hoje eu só fecho os olhos e lembro de você me pedindo sem graça para eu
não deixar ninguém ocupar o lugar da minha canga. Tudo o que eu mais queria,
por trás de todos esses meus textos tão modernos, sarcásticos e malandros, era
de alguém que me pedisse para guardar o lugar. Tá guardado. O da canga e de
todo o resto. (...) Hoje, depois de muito tempo, eu acordei e não me olhei no
espelho. Eu não precisei confirmar se eu era bonita. Eu acordei tendo certeza.
Não tenha medo. Eu sou só uma menina boba com medo da vida. Mas hoje eu não
tenho medo de nada, eu apenas fecho os olhos e lembro de você me dando aquela
flor, fazendo piada ruim às sete da manhã, me lendo no escuro mesmo com dor de
cabeça. Eu posso sentir isso de novo. Que bom.
Achei que eu ia ser esperta pra sempre, mas para a minha grande alegria estou
me sentindo uma idiota. Sabe o que eu fiz hoje? As pazes com o Bob Marley, com
o Bob Dylan e até com o ovomaltine do Bob's. As pazes com os casais que se
balançam abraçados enquanto não esperam nada, as pazes com as pessoas que não
sabem ver o que eu vejo. E eu só vejo você me ensinando a dar estrela. Eu só
vejo você enchendo minha vida de estrelas. Se você puder, não tenha medo. Eu
sou só uma menina que voltou a ver estrelas. E que repete, sem medo e sem fim,
a palavra estrela no mesmo parágrafo. Estrela, estrela, estrela. Zilhões de
vezes.” - Tati Bernardi
quinta-feira, 29 de setembro de 2016
Quando amor (atenção, afeto, carinho)
não for servido, levante-se da mesa.
quarta-feira, 28 de setembro de 2016
Olhar. O lar.
Renunciaria a todos os lugares, até mesmo
meus favoritos, para estar dentro do seu olhar.
Um lugar físico já não é
o importante... Desde que me olhes. Quero morar no seu olhar, porque através
dele descubro quem sou. Olhar em seu olho, enquanto me olhas, é mais que enxergar
meu próprio reflexo e o sujeito que sou.
Olhar o Eu no seu, me organiza, me
estrutura. Não precisaria de espelhos para conhecer minha imagem, internalizar
minha identidade, desde que eu me veja no seu olhar. Bússola da alma, seu olho em mim é minha
orientação.
Não me espanta perceber que lar cabe dentro de ''olhar'', porque faço do teu olho meu ninho, meu aconchego. Nunca quis tanto ser e estar num só lugar.
Me fita. Me olha. Me faça.
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